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sábado, 19 de fevereiro de 2011

O ano do crédito imobiliário

Jornal do Commercio, 16/fev

Projeção da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança indica que oferta de financiamento deve crescer 51% este ano, para R$ 108 bilhões. Demanda, porém, já ameaça saldo disponível na poupança

O volume de crédito imobiliário proveniente de recursos da caderneta de poupança deve atingir R$ 85 bilhões este ano, montante 51% superior ao liberado em 2010, conforme previsão divulgada ontem pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A projeção da entidade equivale ao financiamento de 540 mil unidades até o fim do ano, com 59% dos recursos destinados à aquisição de imóveis e o restante para as construtoras. Se considerados ainda os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), cujo orçamento é de US$ 23 bilhões para este ano, o total poderá alcançar R$ 108 bilhões.

Segundo o presidente da Abecip, Luiz Antônio França, essa previsão global deve ser superada, dado que o montante a ser oferecido pelo FG¬TS pode ultrapassar os US$ 30 bilhões, a exemplo do crescimento visto nos últimos anos. "O ano de 2010 foi o melhor da história do crédito imobiliário", disse França, que estima participação de 4% do fi-nanciamento habitacional no Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2010, fatia que pode saltar para 11% em 2014.

Em 2010, os recursos concedidos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para financiamento imobiliário atingiram US$ 56,2 bilhões, alta de 65% na comparação com o ano anterior e volume recorde para o setor. Se incluídos também os financiamentos com recursos do FGTS, o total ofertado foi de R$ 83,1 bilhões no último ano, aumento de 67% sobre 2009 e número quase nove vezes superior na comparação com cinco anos atrás, quando foram liberados R$ 9,3 bilhões.

DEMANDA. Esse ritmo de crescimento é ótimo, segundo a Abecip, mas está com o futuro ameaçado. O saldo das cadernetas de poupança não tem crescido tanto quanto a de manda por imóveis. França disse que, em cerca de dois anos, o valor dos financiamentos deve chegar ao limite de 65% do saldo das cadernetas que os bancos são obrigados a ofertar. A partir de então, os empréstimos não crescerão mais até que os depósitos da poupança aumentem ou seja encontrada uma outra fonte de recursos para o crédito imobiliário.

Em 2010, o saldo das cadernetas de poupança cresceu 18% e atingiu R$ 299,9 bilhões. Com este montante, e já considerando o limite dos 65%, os bancos podem emprestar até cerca de R$ 195 bilhões para compra de imóveis. França afirmou que as instituições já emprestam, aproximadamente, R$ 100 bilhões.

"Vamos ter de colocar outra forma de funding (fonte de recursos), pois a demanda cresce mais do que o saldo das cadernetas", afirmou ele. "Estamos enxergando escassez de funding na caderneta de poupança." Segundo França, os bancos já estão discutindo soluções para o problema que se aproxima.

Uma das propostas é o go¬verno permitir que as instituições financeiras emitam títulos para captar recursos específicos para o financiamento imobiliário, o que poderá acarretar em mudanças nas atuais condições dos empréstimos. Segundo França, empréstimos que usam a receita dos títulos como fonte de recursos devem ter juros mais altos do que os que utilizam o dinheiro da poupança.

O presidente da Abecip disse que a redução dos impostos cobrados dos mutuários e dos bancos poderia baratear essa modalidade de crédito: Ele assegurou que o governo está buscando soluções. "Estamos trabalhando muito com a Secretaria de Política Econômica. Felizmente, o governo se sensibilizou sobre ó assunto."

UNIDADES. Em todo o ano passado, foram financiados 421 mil imóveis pelo SBPE, número 39% maior em relação a 2009. Considerando as unidades adquiridas via FG: TS, o número salta para 1,052 milhão de imóveis. "O volume (de recursos) cresceu muito mais que o número de unidades, refletindo que o valor médio dos imóveis subiu", assinalou França.

No ano passado, o valor médio financiado foi de R$ 133 mil, 18,8% maior na comparação anual, equivalente a cerca de 62% do preço do imóvel. "A entrada dada atualmente é de, em média, 38% do valor do imóvel", acrescentou. Segundo ele, os preços dos imóveis podem ser considerados "justos para o momento" e uma consequência da demanda aquecida. "A massa salarial também vem crescendo para suportar esse aumento de preço."

Do total de imóveis financiados no ano passado, 72,2% foram equivalentes a unidades usadas e 27,8% de novas. Para o presidente da Abecip, essa tendência é "muito importante para o sistema. O aumento do financiamento á imóveis usados aumenta a ve-locidade de vendas", comentou.

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