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"O conhecimento é função do intelecto, ao passo que a sabedoria é função do ser"































































































































































































quinta-feira, 11 de março de 2010

O Admirável Mundo Novo e a sociedade atual

Paulo Marcelo Duarte Miranda
Fernando Luís Ávila Góis

Admirável Mundo Novo é uma obra escrita por Aldous Huxley e publicada em 1932 que narra um hipotético futuro onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a existirem em consonância com as leis e normas sociais, dentro de uma sociedade organizada por castas. A sociedade desse "futuro" inventado por Huxley não possui a ética religiosa e apegos morais que regem a sociedade atual. Qualquer dúvida e incerteza dos cidadãos era dissipada com o consumo da droga sem efeitos colaterais chamada "soma". As crianças têm educação sexual desde os mais tenros anos da vida. O conceito de família também não existe.
Admirável mundo novo é um clássico sobre o domínio, o futuro e a liberdade. A história narra um futuro sem famílias, democracias, cristianismo e arte. As pessoas são pré-condicionadas biologicamente e psicologicamente, uma sociedade organizada por castas, onde os indivíduos são antecipadamente determinados. A promiscuidade é a regra, cada um pertence a todos.
Matrimônio, pai e mãe são vistos como piadas. Há uma oposição do governante a tudo que for intenso ou muito prolongado. Os homens não têm esposas, nem filho, nem amantes por quem possam sofrer emoções violentas.
O estado proporcionava cinemas onde a platéia era conectada aos terminais sensoriais e acompanhavam os filmes conhecendo sensações, paladar e cheiros que saiam diretamente da tela.
Todos os problemas são resolvidos com o uso do SOMA, legalizados e distribuídos pelo governo, usados para aliviar depressão, frustração e dúvidas. O mundo agora é estável. As pessoas são felizes, têm o que desejam , o que não podem ter. As pessoas sentem-se bem , nunca adoecem e não têm medo da morte. A velhice é encarada com naturalidade. Transfusões de sangue jovem, metabolismo estimulado permanentemente, excreções internas mantidas artificialmente, preservação de doenças, tudo isso garante o prolongamento da vida.
A felicidade universal mantém as engrenagens em funcionamento regular. Não se pode ter uma civilização duradoura sem uma boa quantidade de vícios amáveis. Há um curto intervalo de tempo entre a consciência de um desejo e a sua satisfação.
O segredo da felicidade e da virtude é amar o que se é obrigado a fazer, amar o destino social que não podem escapar. O princípio do ensino durante o sono ou hipnopedia é a maior força moralizadora e socializante de todos os tempos. Sessenta e duas mil repetiçõ3es fazem uma verdade.
Uma civilização de demasiada burocracia onde todos os homens eram controlados desde a geração por um sistema que incorporava controle genético (predestinação) a condicionamento mental, o que os tornava abafados pelo sistema em prol de uma superficial harmonia na sociedade. Não havia lugar para questionamentos ou dúvidas, nem para os conflitos, pois até os gostos e ansiedades eram controlados quimicamente pelo “Soma”, sempre no sentido de preservar a ordem dominante. A liberdade de escolha estava restrita a poucas matérias da vida. Por fim, é importante destacar a campanha contra o passado proposto nessa sociedade futurista: fechamento dos museus, destruição dos monumentos históricos, supressão dos livros publicados antes do ano 150 d. F. Deus não é compatível com as máquinas, a medicina científica e a felicidade universal desta sociedade.
O livro começa com uma longa descrição das atividades realizadas pelo Centro de Incubação e Condicionamento de Londres Central feita pelo Diretor de Incubação e Condicionamento a uma turma de estudantes recém-chegados. Acontece a descrição de processos Bokanovsky, hipnopédico, condicionamento intelectual.
Surge o personagem Bernard Mark, insatisfeito com o mundo onde vive. Cujas idéias eram consideradas heréticas sobre o esporte e o soma, pela escandalosa irregularidade de sua vida sexual, pela sua recusa em obedecer aos ensinamentos de Ford e comportar-se fora das horas de trabalho como um bebê no local. O personagem Bernard Marx sente-se insatisfeito com o mundo onde vive, em parte porque é fisicamente diferente dos integrantes da sua casta. O sobrenome de Bernard Marx faz uma referência ao Karl Marx (que foi um dos precursores do socialismo científico. A sociedade retratada no livro tem semelhança com suas análises socioeconômicas do capitalismo).
Bernard resolve viajar acompanhado de Lenina, uma linda e encantadora mulher, para um dos últimos redutos da antiga civilização, cruzando a fronteira que levará ao Estado selvagem. Viviam lá sessenta mil índios e mestiços, absolutamente selvagens, nenhum comunicação com o mundo civilizado, conservando seus hábitos e costumes repugnantes (totemismo, cristianismo, famílias, casamento, línguas extintas, animais ferozes, moléstias contagiosas, etc.)
Bernard encontra uma mulher oriunda da civilização, Linda, e seu filho, John. Bernand então com a possibilidade de conquista de respeito social pela apresentação de John como um exemplo dos selvagens para a sociedade civilizada.
John se apaixona por Lenina e começa uma difícil relação entre o amor antigo (fiel) e o novo amor (sem relações estáveis). Sua mãe Linda é rejeita pela sociedade em virtude de sua esquisita aparência.
Bernard na iminência de ser transferido para Islândia por trair grosseiramente a confiança de que era depositário, revela a todos que Linda e John eram familiares do DIC, que em virtude de tamanha vergonha, pede demissão.
Bernard passa a ser reconhecido graças a sua proximidade com o Selvagem. Isso até o dia em que o Selvagem se recuse a aparecer em uma reunião onde estavam presentes pessoas importantes, como Arquichantre de Canterbury e o Diretor dos Crematórios e da Recuperação do fósforo.
Um fato importante é quando em um hospital de Park Jane para moribundos, John vê várias crianças ao redor de sua mãe no leito de morte as quais faziam comentários e se aproximavam. Isso provocou um sentimento de revolta no Selvagem. Esse este seguiu até o pátio interno do hospital e começou a atirar o Soma fora. Dizia para não tomarem aquela droga horrível, que era veneno. Acreditava que assim todos estariam se tornando livres. A manifestação prosseguiu até a chegada dos policias, que o conduziram juntamente com Helmholtz e Bernard, que estavam tentando ajudar o amigo contra os Deltas enfurecidos.
Levados ao gabinete do Administrador Mustapha Mond, tiveram uma longa conversa, onde ficou decidido que Helmholtz e Bernard iriam para uma ilha onde as pessoas adquiriram demasiada consciência de sua individualidade e tem uma vida comunitária. John escolheu para seu eremitério um velho farol a fim de fugir das experiências. Porém, foi descoberto os jornalistas que passaram a vigiá-lo e aborrecê-lo. Em pouco tempo, várias pessoas curiosas iam observar as atitudes do selvagem, que reagia com chateação a isso. O suicídio, que não fica bem explícito no enredo, foi a saída toma pelo Selvagem para “fugir” daquele mundo que o incomodava.
Admirável Mundo Novo é um clássico sobre o controle, o futuro e a liberdade. Se feitos alguns ajustes temporais necessários pode servir como crítica ao modo coletivo de vida atual. A sociedade utópica proposta por Aldous Huxley, não parece tão distante assim.
A fuga da realidade através dos prazeres e do consumismo irracional funciona como o Soma. O processo de alienação do individuo é latente quando nos deixamos imbecilizar pela televisão, cinema, músicas ou revistas. Somos condicionados a alcançar prazeres imediatos. Crianças e adultos que fogem dos problemas lêem revistas e assistem programas que nos dizem o que vestir, o que comprar e como agir. A manipulação do espírito é como uma prisão sem paredes, entretanto, é pior do que a prisão física, pois a última é uma situação em que aquele que a sofre conhece bem a condição. E no caso de ser inocente pode pedir um habeas corpus, caso esteja numa sociedade amparada pelos direitos básicos do ser humano. Já aquele que sofre a prisão do espírito, nada percebe e se acha livre. Pensa agir do modo como age por livre escolha e não admite de forma alguma que seu comportamento é condicionado. A esse respeito, nada se pode fazer, pois “jamais haverá tal coisa como o habeas mentem”
O processo de mapeamento humano pode sim, no futuro, ser condicionador das oportunidades de emprego. Na contemporaneidade, a idéia de mal-estar não aparece associado ao efeito da repressão cultural; ao contrário, tudo parece muito permitido, dando indícios de algo no exercício da lei simbólica esta frouxo. O mal-estar decorre do excesso de liberação, o homem perde as referências . A constante insegurança e o desamparo criam um terreno fértil para emergência de patologias, como transtorno do pânico. O individualismo abordado no livro é visível numa atual sociedade capitalista.
Os avanços na medicina são notáveis, garantido a extensão e a qualidade da vida que já eram abordadas pelo autor de Admirável Mundo Novo.
Admirável Mundo Novo é uma leitura obrigatória. Aldous Huxley não garante que o futuro será assim, mas o desenvolvimento da tecnologia e o excesso de liberação encaminham nossa sociedade em uma linha próxima a defendida pelo autor.

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